O meu Natal...

O meu primeiro Natal escondeu-se inquieto no coração. Soube do Presépio poucos meses antes desse dia, gosto mais de lhe chamar tempo, é mais conforme com o Acontecimento, que nunca se resume a um dia, mas à VIDA, em que Jesus encarnou, em mim, para mim, e foi crescendo na medida do meu consentimento, tenho-o um homem, agora sim, será mesmo adulta a minha fé? Nada à minha volta, nesse tempo, O lembrava. O milagre da família reunida correspondia à força quase heroica do meus pais e avós, que perdendo tudo, recomeçando quarenta anos depois de terem nascido, numa cidade, país e continente diferentes, arrumavam ainda em tantas outras gavetas, memórias permitidas. Não era porque não soubéssemos que o Presépio existia. Não tínhamos o Presépio porque confundíamos o tempo, os intermediários e o acontecimento. Por isso, só a mãe de Deus figurava triunfante nas salas do nosso contentamento e a Maria todos aprendemos a ajoelhar e suplicar. Há poucos anos, quase vinte depois desse primeiro Natal, mais crescida na fé, na consciência concreta do amor, quando a minha família, pais e avós, inundaram a eternidade de céu, comecei a desejar verdadeiramente passar o Natal dentro do meu Presépio, em liberdade! E assim tem acontecido. Este Natal de 2020 é o primeiro Natal que passo só com o meu Presépio. É absolutamente extraordinário como Jesus nos surpreende e transforma o nosso tempo num excitante acontecimento. Estou à Sua espera.

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