Do improvável #2

Se tudo tivesse dependido de mim, admitindo a máxima extensão da consciência, traduzida, por exemplo, na obsessão académica onde o sonho levaria, e da sorte, essa roda mágica que às vezes pára no sitio errado da vizinha tentação, nunca teria sido jornalista nem viajado pelo mundo, ou, sequer, vivido experiências exclusivas da temperança económica. Se tudo tivesse dependido de mim, teria sido, um ser muito mais desinteressante.

Quis, porém, a pertença dar-me a conhecer a viagem e, assim, tornar-me, na «repórter» do lixo, como muitos chamavam à persistente tendência de dizer as «periferias», como hoje são conhecidos os lugares do desespero, da fome, da tristeza, do nada.

Comecei deste jeito, passando o tempo a «rezar» silenciosamente entre os temas aparentemente menos lidos e desejados de uma publicação glamorosa, sem-abrigo, prostituição, toxicodependência, transexuais; embora tivesse acabado a carreira de jornalista assalariada, escrevendo sobre novidades literárias ou, registando, criteriosamente, as tendências protagonizadas pelos mais jovens na arte, moda, ou publicidade.

Agora que a «minha» Revista fechou, “a Máxima acabou” anunciaram os orgãos de comunicação social, selando, espero eu, definitivamente, o (meu) compromisso com o jornalismo, encontro o tempo, não o cronológico, o outro, de legendar imagens, factos, experiências, proibidos pelo género narrativo que víncula o jornalista ao contrato social.

E se é verdade que não consigo lembrar-me de todas as legendas não escritas das 200 reportagens publicadas, tenho na memória imagens, factos e experiências que darei nota com #olharomundo.


 Índia - Calcutá



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